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Parceria do Setor de Ciências Exatas, Setor de Ciências da Saúde e Unidade Centro de Atenção à Saúde-3 cria Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Saúde

 

Criado nos primeiros meses da pandemia, o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Saúde (NEPES) surgiu a partir da preocupação do Setor de Ciências Exatas com um planejamento para as adequações necessárias para uma eventual volta das aulas presenciais. Participam professores do Setor de Ciências da Saúde, dos Departamentos de Enfermagem e Saúde Coletiva; do Setor de Ciências Exatas; e profissionais da Unidade Centro de Atenção à Saúde–3 (CASA 3). Os objetivos são de monitorar, notificar e investigar doenças e agravos de notificação compulsória dentro da Universidade Federal do Paraná. A proposta do NEPES foi apresentada a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) e, na próxima semana, vai ser exposta para a comissão da UFPR que lida com as voltas às aulas. 

 

A professora e coordenadora do Curso de Enfermagem do Setor de Ciências da Saúde, Daiana Kloh, explica que foi com a demanda do Setor de Exatas que perceberam uma lacuna dentro da estrutura de vigilância em saúde da UFPR: “sentimos a necessidade de criar um Núcleo de Vigilância Epidemiológica para a UFPR, porque não é possível a gente pensar em um retorno sem pensar na investigação, na notificação, no monitoramento dos casos e na busca-ativa de contatos”.  

 

Assim, o NEPES passou a trabalhar em conjunto com a Unidade Centro de Atenção à Saúde–3 (CASA 3) para pensar a curto, médio e longo prazo na prevenção a doenças e na promoção à saúde: “além de ser um projeto pensado como extensão, será um espaço importante para a realização do ensino, pensando na interprofissionalidade e em práticas colaborativas, e pesquisas na saúde e áreas afins”, aponta Kloh. 

 

Algumas ações já estão sendo feitas pelo NEPES e pelos profissionais da CASA 3, com o foco inicial no projeto-piloto de combate à COVID-19. Já foram feitas algumas diretrizes encaminhadas ao Setor de Ciências Exatas; desenho de um prontuário eletrônico para o CASA 3, em parceria com o Setor de Ciências Exatas; integração do sistema de notificações de agravos entre o NEPES/CASA 3 e a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Atualmente, o núcleo trabalha na elaboração de orientações para a identificação e encaminhamento dos casos suspeitos ou confirmados de COVID-19, ação pensada para as coordenações de cursos; elaboração de materiais informativos para as coordenações e para a manutenção das medidas de prevenção à COVID-19 para serem implementados junto aos discentes e servidores da UFPR. “Estamos vivendo uma oportunidade ímpar para instaurar um sistema de vigilância em saúde, buscando garantir um ambiente seguro para todas e todos”, comenta Kloh. 

 

Volta presencial das atividades e a Instrução Normativa Nº 109

 

Segundo a professora Daiana Kloh, o cenário atual da pandemia não é segura o suficiente para uma volta presencial. Mas é o momento de planejar. Um  retorno seguro precisa de uma série de medidas organizacionais e mapa de risco da COVID: “a gente precisa analisar as características físicas, locais e organizacionais do processo de trabalho. E monitorar o afastamento dos infectados, fazer uma busca-ativa de contatos, monitoramento dos casos, ter todo um sistema de notificação implantado”, explica. 

 

A principal estratégia para o planejamento é o pensamento coletivo, avalia Kloh. Profissionais de autoridade sanitárias, que compreendam o comportamento da COVID-19, aliados à comunidade acadêmica, que conhecem o funcionamento e a estrutura da Universidade precisam construir diretrizes institucionais: “a partir destas diretrizes, cada setor deverá trabalhar no sentido de atender às suas demandas específicas, conforme as suas particularidades”.

 

Adequações físicas, como higienização dos espaços, marcações de distanciamento social, álcool em gel espalhados pelas dependências, porta de entrada diferente da de saída, janelas para circulação do ar, são alguns exemplos. Além disso, entender o fluxo de trabalho e se o ciclo organizacional está adequado. “Quando a gente pensa em um retorno, a gente precisa pensar em um lugar seguro”, completa Kloh.

 

No dia 29 de outubro de 2020, o Ministério da Economia divulgou a Instrução Normativa Nº 109, que traz orientações sobre a volta presencial, mas que não obriga sua adesão. Kloh explica que, possivelmente por não ter sido escrita por agentes sanitários, a IN traz falhas técnicas que impactam os princípios e a segurança do trabalho, como por exemplo o artigo 7, que aborda a autodeclaração de grupo de risco: “é questionável, como o trabalhador irá autodeclarar alguma doença? Isso compete ao médico”, exemplifica Kloh. 

 

“É preciso compreender a saúde do trabalhador, é preciso ampliar o nosso olhar para além de protocolos pontuais. Quando você analisa atentamente este documento (IN 109), você percebe o negacionismo da doença – da COVID-19”, diz Kloh. Para ela, o processo de volta não é um trabalho fácil, mas que exige comprometimento da comunidade e das autoridades.