Exatas UFPR

Marcha pela Ciência teve o apoio de docentes e alunos do Setor de Exatas

A Marcha teve como objetivo conscientizar a população com relação a possíveis cortes orçamentários em 2018

Com o objetivo de protestar contra os seguidos cortes do Governo Federal no orçamento para pesquisa nas universidades brasileiras, a segunda Marcha pela Ciência de Curitiba ocorreu no sábado (11), na Praça Santos Andrade. O evento organizado pela Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência (SBPC) também busca conscientizar a população a respeito da importância da produção de ciência e tecnologia no país.

Representantes de diversos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professores, membros do movimento estudantil e até mesmo o reitor da universidade, professor Ricardo Marcelo Fonseca, se reuniram para se posicionar contra o corte.

Aldo José Zarbin, professor do Departamento de Química da UFPR, presidente da Sociedade Brasileira de Química e um dos organizadores da Marcha em Curitiba, garante que essa proposta piora a atual situação de investimentos. “Estamos numa situação de penúria total. Os laboratórios estão fechando, não há recursos para expansão e as agências de fomento à pesquisa estão trabalhando no seu limite”, disse o professor.

Queda nos investimentos

A última proposta enviada ao Congresso Nacional prevê que o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) sofra, em 2018, um corte bruto de 19,5%, considerando apenas os recursos disponíveis para custeio e investimento. Ou seja, ao incluir gastos obrigatórios com salários e reserva de contingência, o corte vai para 25%, deixando pouca margem de verba para ser revertida em bolsas e incentivo à pesquisa.

Em números, o investimento vai cair de  R$ 5,9 bilhões para R$ 4,4 bilhões, em 2018.

Se a proposta for aprovada, as possíveis consequências serão a falta de equipamento, diminuição no número de bolsas para projetos já existentes e não abertura de novos projetos. O reitor Ricardo Marcelo garante que a proposta pode significar uma “descontinuidade na produção de ciência, na formação dos jovens e na nossa ponte para o futuro”.

A estudante Camila Suemi Imagaki, doutoranda de Química presente na manifestação, garante que a necessidade de posicionamento é necessária, principalmente para mobilizar a sociedade. “Eu me importo com a ciência, pelo futuro do país, e sei da importância que isso tem na vida das pessoas”, disse.

Preocupação com a mobilização

Cerca de 100 pessoas estavam presentes no dia da Marcha, o que é considerado um número pequeno. Zarbin garante que o número de pessoas não é um problema, já que é esperada uma mobilização maior por parte dos diretamente afetados pelo corte.

Em contraponto ele afirma que problema real é a falta de conhecimento e preocupação com os resultados de ciência e tecnologia aplicados no dia a dia das pessoas. “As pessoas se alimentam todos os dias e não sabem que naquela comida tem ciência e tecnologia. O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, a relação entre o Zika Vírus e a microcefalia foi descoberta, a exploração de petróleo em águas profundas pode ser feita. Tudo isso só existe graças à ciência e tecnologia”, explica.

Por: Melora Moura